domingo, 25 de março de 2012

O COORDENADOR PEDAGÓGICO E A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO


Por: José Lúcio Nascimento Júnior

     Quando pensamos as funções do Gestor Escolar e/ou do coordenador pedagógico logo nos vem em mente um profissional que vive envolto em atividades burocráticas[i].  Pouco tratamos ou observamos que uma das áreas de atuação deste profissional é a aprendizagem, seja dos alunos, seja dos docentes.  Assim, neste espaço visamos relacionar o tema APRENDIZAGEM, a idéia de formação continuada, pois ao cuidar do pedagógico o coordenador e/ou Gestor deve-se preocupar também em como estar o trabalho docente.
     Cabe ao coordenador criar espaços de interação onde os docentes possam compartilhar e ampliar seus conhecimentos sobre aprendizagem. Sendo assim, se faz necessário compreender sucintamente como Lev Vygotsky (1896-1934), Jean Piaget (1896-1980) e Henri Wallon (1879-1962) compreendem o processo de aprendizagem.  Vejamos um pouco das idéias destes autores.
     O Professor e o Coordenador devem compreender que o ser humano é um animal cultural, ou seja, devemos compreendê-lo em ser espaço de interação social. Para Vygotsky o que diferencia o homem dos animais consiste no raciocínio, pois assim ele pode compreender e ampliar os signos e sua vivência social. Muitas vezes, é essa falta de compreensão do universo da criança que leva a formulação de estereótipos, por parte do corpo docente.
     A mudança ocorre, para a postura esperada na escola, lentamente no caso da criança, porque é a vivência que leva a internalização de novos signos. O que significa dizer que a criança aprende e muda seus hábitos a partir da vivência que tem na escola e em outros ambientes.  Por isso, dizemos que o desenvolvimento ocorre de fora para dentro, conforme nos ensinou Vygotsky.
    Com os estudos piagetianos aprendemos que a criança e o adolescente têm fases de desenvolvimento. Não da para uma criança na fase sensório-motor (0 – 2 anos) ter compreensão abstrata. Além disso, tais estudos destacam que a assimilação de novas informações gera a acomodação.  A nova informação gera desequilíbrio que precisa ser equilibrado através da acomodação desta nova.
     Todavia, tanto o Coordenador como o Professor não devem esquecer que o estudante não é apenas cognição. Como nos ensina Wallon, temos que recordar os aspectos afetivos e psicomotores. Tal pensador ressalta que o biológico e o social devem ser considerados ao pensarmos nossos alunos.
Para Wallon, o desenvolvimento não é linear. Marca-se pela alternância entre o afetivo e o cognitivo. É a partir dessa alternância que existe a possibilidade de desenvolvimento de aprendizagem. Como nos lembra Rubem Alves, a escola não seria apenas local de tortura, seria local de ALEGRIA e de APRENDIZAGEM (ALVES: 2000). Não há como agir com emoção e com a cognição ao mesmo tempo, mas ambos são necessários para a vida escolar.
     Por fim, realizar espaços de formação continuada desconsiderando as idéias trabalhadas nas linhas subjacentes pode nos levar a trabalhar com os saberes e/ou os alunos de forma fragmentada. Assim, apenas com estudo e troca de experiência podemos melhorar a Educação.    
  
Referencias Bibliográficas:
ALVES, R. A Alegria de Ensinar. SP: Papirus, 2000.
ALECRIM, C. G. M. Desenvolvimento Humano e Aprendizagem. Brasília: CETEB, 2010.



[i] Trabalho apresentado inicialmente a Pós-graduação em Gestão Escolar da Universidade Gama Filho.

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