terça-feira, 4 de setembro de 2012

Feira de Oportunidades de Turismo e Hotelaria!


Gostaríamos de informar que no dia 26 de setembro realizaremos a primeira edição da Feira de Oportunidades de Turismo e Hotelaria!

O objetivo da Feira é estreitar o relacionamento com o mercado e colocar nossos alunos em contato com os empregadores da área. Teremos estandes com Hotéis e empresas de Turismo recolhendo currículos, fazendo entrevistas, apresentando as oportunidades de trabalho.

O Evento acontecerá na Unidade Copacabana, das 9h às 19hs e contará com palestras de profissionais do mercado e pequenas palestras dos expositores que irão apresentar suas empresas e as oportunidades. Estamos fechando o cronograma e tão logo tenhamos todas as palestras e horários enviaremos para que possam fazer uma melhor divulgação, incluindo o e-mail marketing para que possam divulgar não só no Senac Rio, mas em outras instituições, pois será uma feira aberta a todos.

Precisamos da ajuda de vocês não só na divulgação junto a nossos alunos, mas também incentivando-os a participar da Feira, levando seus currículos, com dicas de como eles devem se vestir e se portar durante a Feira. Vocês que estão em contato com eles, que servem como exemplo de profissionais bem sucedidos, com certeza tem muito mais força que um e-mail marketing!

Contamos com vocês para o sucesso da primeira de muitas Feiras de Oportunidades de Turismo e Hotelaria que realizaremos!

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

DIALOGANDO SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ECONOMIA VERDE


As ideias de Desenvolvimento Sustentável surgiram no século XIX nos Estados Unidos em torno da questão da criação dos parques nacionais. Contudo, apenas nos anos 1960 com a publicação do livro “Primavera Silenciosa” de Rachel Carson é que a questão ambiental passou a ser vista como uma questão a ser discutida globalmente. Contudo, se olharmos apenas para a questão ambiental não iremos compreendê-la. O mundo do pós-1945 estava vivendo muitas transformações que nos ajudam a compreender a elaboração do conceito de Desenvolvimento Sustentável. Veremos apenas alguns destes indícios.
Terminada a Guerra Total[1] (1914-1945) o mundo Ocidental precisa se reorganizar e, em especial, a Europa Ocidental, se reconstruir. Nos primeiros anos após a guerra, se iniciou um conjunto de ações, em diferentes partes do mundo, que marcam um novo posicionamento dos povos frente a si mesmo e aos outros. Dentre estes eventos destacamos: (1) a descolonização africana e asiática; (2) a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948); (3) os movimentos feministas e por direitos civis nos Estados Unidos dos anos 1950/60/70 são alguns dos exemplos de ações que demonstram a transformação na forma de ser humano se ver e olhar para o outro. Contudo, quanto olhamos para a construção do conceito de desenvolvimento sustentável temos que olhar também para outros eventos.
Tal conceito, Desenvolvimento Sustentável, foi cunhado por Gro Harlem Brundtland, então primeira-ministra da Noruega, no relatório intitulado “Nosso Futuro Comum” (1987), que ficaria conhecido como Relatório de Brundtland. Este relatório visava consolidar as propostas realizadas na Conferência de Estocolmo, em 1972[2], e assim colocava o conceito de Desenvolvimento Sustentável:

O desenvolvimento sustentável é aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem ás suas necessidades. O conceito de “necessidades”, sobretudo as necessidades essenciais dos pobres no mundo, que devem receber a máxima prioridade. A noção das limitações que o estagio da tecnologia e da organização social impõe ao meio ambiente, impedindo-o de atender as necessidades presentes e futuras  (apud. GIANSANTI: 1998).

O que muitas vezes esquecemos é que tal conceito fora forjado entre as décadas de 1970/1980, ou seja, momento em que o mundo passava por uma reorganização na forma de pensar o capitalismo em âmbito global. Na década de 1970, a Crise do Petróleo (1973) e a Crise dos Juros nos EUA (1979), afetaram diretamente a economia mundial em especial, das grandes potências na Europa ocidental e os Estados Unidos. Este momento foi tão crucial para a economia internacional que surgiu nos Estados Unidos uma nova maneira de pensar o mundo de então, tantos em termos políticos como econômicos: o Neoliberalismo e a Globalização. O neoliberalismo como forma de pensar as relações econômicas capitalistas e a globalização como novo discurso hegemônico, fazem como que as práticas do Welford State (Estado do bem estar Social) fossem abandonadas em prol de outras baseadas nas trocas globais e questões globais. Neste sentido, pensar o desenvolvimento sustentável como um novo paradigma a ser seguido pode ser compreendido como o momento em que o mundo estava se reorganizando em termos mundiais. Cabe ressaltar, que foi justamente nos anos 1970/1980, após a Crise do Petróleo (1973) que se iniciaram as discussões sobre Eficiência Energética.
A maior parte das críticas ao conceito de Desenvolvimento Sustentável vem do fato de unirem-se dois termos que aparentemente são opostos, vejamos. O conceito de (I) Desenvolvimento Econômico leva em conta a posse de bens materiais e o aumento do consumo. O conceito de (II) sustentabilidade liga-se as ciências naturais, em especial as biológicas, e trata do equilíbrio do ecossistema. Neste ponto que surgem as críticas: como um sistema baseado no consumo pode buscar o equilíbrio produtivo, social, econômico e ou ambiental? Justamente por trazer embutido em si a idéia de progresso, conforme pensada no final do século XIX e início do Século XX, que o conceito de desenvolvimento sustentável recebe tantas críticas[3].
Outro conceito formulado dentro desta questão foi o de Sociedade Sustentável. Uma sociedade sustentável seria aquela que conseguiria satisfazer suas necessidades sem comprometer as necessidades futuras. Neste ponto, entra também as seguintes questões: O que é necessidade? Como medi-la? Como Mensurá-la? Assim, mais uma vez as críticas aos conceitos forjados nos leva a perceber que as ações não são ainda pensadas para todas as pessoas, mas que existiriam pessoas a serem adequadas e outras que seriam excluídas. Conforme nos lembra a professora de história da universidade federal Fluminense Virgínia Fontes, no sistema capitalista o excluído é uma categoria social importante, pois sem ele o sistema não existiria conforme preconizado (FONTES: 1996).
Neste ano de 2012, em especial no mês de junho, que se realiza no rio de Janeiro a Rio+20, ou seja, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, pensar o conceito de Desenvolvimento sustentável nos remete a lembrar que a tônica do momento não é mais este conceito, mais o que de Sustentabilidade. Esta é definida como uma ação sistêmica que visa configurar a ação humana de tal forma a ser satisfeita as necessidades presentes e futuras, além de preservar a biodiversidade e ecossistemas.
Na Conferencia “Rio+20”, o Relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente  define “Economia verde como:
A economia que resulta em MELHORIA DO BEM ESTAR DA HUMANIDADE e IGUALDADE SOCIAL, AO MESMO TEMPO QUE REDUZ SIGNIFICATIVAMENTE RISCOS AMBIENTAIS E ESCASSEZ ECOLÓGICA. [...]  O conceito de ECONOMIA VERDE não substitui DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, mas hoje em dia existe o reconhecimento de que a realização da SUSTENTABILIDADE se baseia quase inteiramente na obtenção do modelo certo de economia  (PNUMA 2011).

Na atualidade, então, não há como pensar Desenvolvimento Sustentável sem olhar para o conceito de Sustentabilidade, além de se discutir se há a possibilidade de se buscar uma Economia Verde. Porém, as práticas econômicas são muito mais velozes que a busca conceitual, o que percebemos na prática. Enquanto não se chega a um consenso do que seja Economia Verde, o Capitalismo já encontrou uma nova possibilidade de se reinventar. Como preconiza alguns cientistas, preservar é economicamente mais viável que destruir. Assim, no âmbito econômico percebemos  algumas ações que o próprio setor privado e a sociedade já encontraram para mensurar a questão da sustentabilidade: o selo verde.
Criada em 1993, ou seja, um ano depois da Conferencia das nações Unidas conhecida como “Rio 92”, a família ISO 14000 vem trazendo métodos de gerenciamento empresarial que preservem o Meio Ambiente. Assim, algumas empresas que querem ganhar a simpatia e o consumidor ligado as questões ambientais já esta buscando se inserir dentro desta normatização para alcançar também este público. Percebe-se este movimento também no que se refere ao selo Procel[4], onde várias companhias fabricantes de eletrodomésticos buscam obtê-lo. Por fim, o mercado de carbono tem caba vez mais ganhado força internacionalmente como uma forma de combater os problemas do Aquecimento Global, ou seja, caso um país tenha conseguido ficar a baixo da meta de emissão de carbono pode vender essa porcentagem de emissão de carbono para outro que não conseguiu atingir a meta. Neste sentido, o sistema capitalista encontrou por ele mesmo uma forma de se apropriar da discussão sobre Meio ambiente e os problemas que ele causa. Mas o capitalismo encontrou as soluções sozinho? Não, o fez através de pessoas que tem interesses e necessidades a serem satisfeitas.
Em suma, para pensarmos o Desenvolvimento Sustentável, a Sustentabilidade e/ou a Economia Verde não podemos esquecer que estamos inseridos em um sistema econômico em que o consumo e produção precisam ser sempre crescentes para que ele continue existindo; que as pessoas que nele estão inseridos têm necessidades diferentes que querem satisfazer; e que pensar em uma mudança na forma como alteramos a natureza passa também por mudar a forma como nos vemos no mundo, ou seja, temos que nos posicionar acerca de uma questão que, na prática, ainda não foi respondida: somos usuários do mundo ou parte dele? É através deste posicionamento que poderemos mudar a nossa forma de se relacionar com a natureza e com as pessoas.

Bibliografia

BOURDIEU, P. Sobre Televisão. Rio de Janeiro: Jorje Zahar, 1997.
BRITTO-PERREIRA, M. C. de. “Desenvolvimento e meio ambiente - O todo é maior que a soma das partes.” Plurais vol. 1 (2005): p. 265-272.
FONTES, V. “Capitalismo, Exclusões e Inclusão forçada.” Tempo Vol. 02, nº 03 (1996): p. 34-58.
GIANSANTI, R. O desafio do desenvolvimento sustentável. são paulo: saraiva, 1998.
HOBSBAWM, E. J. Era dos extremos. São paulo: Companhia das Letras, 2004.
PNUMA. Relatório Economia Verde – Síntese para Tomadores de Decisão. Rio de Janeiro: ONU, 2011.


[1] Para saber mais sobre o conceito de Guerra Total e seus desdobramentos conferir: HOBSBAWN, E. J. A Era dos extremos. São Paulo: Cia das Letras, 2004.
[2] Temos que recordar que a conferencia de Estocolmo (1972) foi o primeiro grande debate global sobre o Meio Ambiente organizado pelo ONU (Organização das Nações Unidas).
[3] Cf.: BRITTO-PERREIRA: 2005.
[4] Selo que é dado aos eletrodomésticos que alcançam maior eficiência no consumo de energia. Para saber mais acesse: http://www.eletrobras.com/elb/main.asp?TeamID={95F19022-F8BB-4991-862A-1C116F13AB71}; acessado em 18 de junho de 2012.